30/12/2015 | Primeira paleotoca encontrada em Pelotas está preservada
Um túnel de oito metros de comprimento que preservou no seu interior marcas de garras, pegadas e um abrigo para filhotes. Estes são os primeiros sinais de que, há aproximadamente 10 mil anos, uma espécie de tatu gigante viveu na região sul do Estado. A estrutura que abrigava um Propraopus sp., denominada de paleotoca, foi descoberta por técnicos da Gestão Ambiental em uma jazida de extração de argila para duplicação da rodovia, no distrito do Monte Bonito, em Pelotas. Após a confirmação, feita em abril de 2014 pelo NEPALE/UFPel, a toca começou a ser preservada. O projeto elaborado pelo DNIT por iniciativa da construtora HAP Engenharia está pronto para ser inaugurado.
O caráter inusitado e a possibilidade de deixar um legado desta obra rodoviária para a comunidade foi o que impulsionou a criação do Sítio de Visitação da Paleotoca Gilberto Azevedo de Azevedo, mesmo que a legislação brasileira possua um conjunto de leis ainda em subjetividade de como se aplica a preservação de jazigos fossilíferos. A realização, no entanto, só foi possível com a anuência da proprietária da área e com o esforço de alguns parceiros que trabalharam em busca do mesmo objetivo: deixar um legado para a cidade de Pelotas e região.
Os protagonistas desta descoberta, os tatus gigantes, foram reconstituídos em formato de escultura em tamanho real. A fêmea ancestral do atual tatu-mulita viveu nesta estrutura acompanhada de dois filhotes, de acordo com a característica da última câmara que remete a um berçário. De acordo com a paleontóloga Karen Adami, que coordenou as pesquisas no local, este registro ainda abre espaço para se traçar novas rotas migratórias da existência da Megafauna, uma vez que só se tinham registros de vestígios acima do Rio Camaquã e na região de Santa Vitória do Palmar, Argentina e Uruguai.
O documentário “O engenheiro da terra” produzido para contar as etapas deste projeto também está finalizado e será lançado na cerimônia de inauguração do espaço, a qual deve acontecer no ano que vem. Depois, o sítio poderá receber visitação nas sextas-feiras e sábados, perante agendamento com o NEPALE.